terça-feira, 8 de março de 2011

PROIBIÇÃO DE DROGAS ANOREXÍGENAS

A utilização de medicamentos anorexígenos é o centro de um debate acirrado entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa - e as classes médica e farmacêutica. A Anvisa, que defende a proibição da venda de sibutramina, anfepramona, femproporex e mazindol no país, realizou uma audiência pública dia 23 de fevereiro em Brasília, para discutir a questão. Ao contrário do que estava previsto, a resolução sobre esse assunto foi adiada, sem previsão de prazo para a decisão.


Qual a razão para toda essa discussão?

Estudos científicos internacionais apontam para o aumento dos riscos de doenças cardiovasculares em 16% em usuários de sibutramina, medicamento que recentemente foi retirado do mercado europeu, norte-americano, canadense e australiano. O femproporex, que é transformado em anfetamina no organismo, apresenta efeitos colaterais seríssimos, entre os quais estão a indução de quadros psicóticos e sérios riscos cardiovasculares. Juntamente com o mazindol e a anfepramona, tem relação risco-benefício bastante desfavorável e já são proibidos na maioria dos países há muitos anos.

A alegação dos médicos é de que esses medicamentos são uma alternativa de tratamento para pessoas obesas, e que a utilização dos mesmos oferece mais benefícios do que riscos à saúde desses pacientes.

O que posso perceber em relação à utilização desses anorexígenos, é que na maioria das vezes as pessoas que fazem uso dos mesmos alcançariam o objetivo de emagrecimento se mudassem seu estilo de vida, adotando hábitos como a prática de atividade física frequente e uma alimentação mais regrada. Porém, muitos médicos antiéticos receitam sem ao menos conhecer a história clínica do paciente.

Tenho recebido em meu consultório muitos pacientes que já utilizaram essas medicações. A grande maioria relata que perdeu peso muito rapidamente, sem dieta ou exercício físico. Entre os sintomas que sentiram estão taquicardia em repouso, muita ansiedade e irritação, dificuldade para dormir e se concentrar, dores de cabeça, entre outros. Alguns nem conseguiram prosseguir com o uso por mais de uma semana.

Da mesma forma, podemos observar que grande parte das pessoas que perderam peso recuperaram após parar de administrar o medicamento, quando não engordaram mais do que antes de tomá-lo. E geralmente, os quilogramas voltam na mesma velocidade com que se foram... A partir daí, vem uma dificuldade imensa para perder peso novamente, mesmo com dieta e exercícios físicos.

Com todos esses aspectos prejudiciais da utilização dessas drogas, e com a prescrição livre e escancarada que está ocorrendo, será que não vale realmente a pena proibi-las? Qual a sua opinião a respeito?